Hoje são cerca de 100 bilhões de consultas por mês, com uma média de 3 bilhões por dia, sendo que 15% delas nunca foram feitas, ou seja, são inéditas, e mais da metade são realizadas fora dos Estados Unidos. O desafio do Google é ser capaz de responder as buscas de forma cada vez mais natural antecipando as necessidades de informação. Segundo o CEO e co-fundador do Google, Lary Page, ainda há muito a ser feito para transformá-la em “uma ferramenta de pesquisa que entende exatamente o que você quer e devolve exatamente o que você precisa”.
No Centro de Engenharia do Google na América Latina, em Belo Horizonte, que conta com 100 engenheiros, grande parte deles brasileiros, é realizado um trabalho integrado com outras equipes de desenvolvimento distribuídas pelo mundo com o objetivo de aprimorar o mecanismo da busca (baseado em algoritmos) procurando aumentar a relevância dos resultados. Assim, em 2012, a equipe avaliou 118,8 mil ideias de melhorias sobre o ranking para tornar os resultados das pesquisas mais relevantes e aparecerem nas primeiras posições das páginas das respostas, onde somente 665 mudanças foram incorporadas, com uma média de 2 por dia e todas apresentaram melhores resultados na busca com relação as já existentes.
O engenheiro de software sênior do Google, Bruno Augusto Vivas e Pôssas, diz que “para todas as consultas executadas pela máquina de busca hoje, alguma mudança proposta e desenvolvida pelo time de BH está em uso. Se você pegar pelo menos um entre os dez primeiros resultados da busca, ele está naquela posição do ranking porque uma das mudanças lançadas aqui está sendo executada”, e complementa, “se a gente pegar o histórico de todas as mudanças lançadas, desde 1998, o time de BH é responsável pela segunda mudança mais importante de todos os tempos. E tem 5 entre as 30 alterações mais importantes. O que dá uma ideia do qual relevante é o trabalho que fazemos aqui desde 2005”. Segundo Berthier Ribeiro Neto, Diretor de Engenharia, “o desenvolvimento continuado do Google no Centro de Pesquisa de BH beira US$ 150 milhões”, boa parte para compor o salário dos pesquisadores.
O Google vem sendo questionado pelo governo brasileiro por ser a segunda empresa em receita publicitária no Brasil sem investimento local, por isso a divulgação do valor investido na unidade brasileira. De acordo com Paulo Bernardo, ministro das Comunicações, o governo quer estimular o Google a empregar o seu capital aqui no Brasil, sugerindo inclusive que aplique algumas de suas tecnologias já disponíveis, como os balões que são utilizados em prover acesso à internet e assim disponibilizar conexão de banda larga para a região Amazônica.
De acordo com Pôssas, nenhuma operação do mecanismo de busca do Google é manual, tudo gira em torna da alteração, criação e substituição de algoritmos. Nenhuma consulta possui privilégios em relação à outra. A intervenção manual refere-se a apenas de uma avaliação prévia da qualidade dos resultados depois do desenvolvimento de cada mudança sugerida, antes de acontecer o lançamento. E enfatiza que a ação no botão ‘mais um’ ainda não está sendo considerado como informação relevante para o algoritmo e não possui influência no resultado da busca.
As pesquisas do Google coletam dados de como os usuários estão interagindo com os resultados das buscas, e dessa forma avaliam se o resultado é melhor ou pior ao anterior para se basear nas decisões com relação às consultas geradas.
Berthier comenta que “os algoritmos não são cegos. Eles leem informações dadas pelos usuários, como links relacionados inseridos em páginas que dão uma noção de preferência por aqueles links, cliques em links, etc. Quando muitos usuários clicam no resultado três, o que eles estão dizendo para o algoritmo é que aquele resultado é mais relevante que os resultados um e dois”, e complementa, “quando você combina bilhões de pares de olhos dos usuários eles acabam funcionando como validadores do que está funcionando bem e do que não está funcionando bem”. Os mecanismos de busca funcionam de forma adequada para buscas frequentes, contudo a complexidade aumenta no momento de se fazer buscas que são pouco pesquisadas.
Ainda de acordo com Berthier, “de maneira nenhuma o algoritmo privilegia resultado nenhum na busca orgânica”. Conforme o aprendizado dos algoritmos o resultado pode mudar. Os mais repetitivos e algumas vezes os mais frequentes, serão mais bem ordenados. As melhorias agem de acordo com as necessidades da informação sem receber influência na forma como o usuário realiza a busca, a menos que ele esteja logado em sua conta Google com opção pelo uso do histórico. O Google pretende que a busca anônima receba resultados diretos independente da forma como a consulta foi realizada.