Tira-dúvidas também responde perguntas sobre risco de captura de senhas pelo roteador de internet e aviso de privacidade no WhatsApp
Celular só pode ser espionado com grampos, alterações de configuração ou aplicativos — Foto: Altieres Rohr/G1
Espionar smartphone ‘sem aplicativo’
Existe algum tipo de mecanismo que permita a um espião ouvir as conversas e também ser ouvido pelo usuário do iPhone? Pesquisei na web e achei um aplicativo que diz ser capaz de invadir o iPhone sem a necessidade de instalação de programa. Deixei meu celular na assistência técnica e lá disseram que não há nenhum aplicativo desse tipo instalado. Mas será que não é um aplicativo instalado remotamente e que é impossível a detecção, conforme muitos anunciam?
Ou ainda um software que a partir da localização do telefone consiga estabelecer alguma espécie de rede e ouvir o som ambiente? – Mônica
Mônica, há algumas questões para serem esclarecidas. Vamos começar por essas ofertas de aplicativos de espionagem na internet: muitos desses aplicativos não cumprem exatamente o prometido. No pior dos casos, pode ser até um golpe em que o alvo é o seu celular.
Ou seja, é quando alguém imagina ter encontrado uma ferramenta para espionar o celular de outra pessoa que o celular dela pode ser espionado. É típico cenário do “cavalo de Troia”: você acha que baixou uma ferramenta que será útil, mas na verdade acaba ganhando um presente de grego. Por isso, não dá para levar a sério as alegações desses apps.
De modo geral, um celular só pode ser espionado de duas formas: com monitoramento de rede ou com alterações no funcionamento do aparelho. O grampo de rede é o mais fácil de entender: ocorre quando a polícia obtém uma autorização judicial para grampear a linha de um investigado. Também pode ocorrer por falhas de segurança em equipamentos ou sistemas de rede.
Existem muitos mecanismos para contornar grampos de rede. A criptografia do WhatsApp, por exemplo, impede que grampos de rede tenham efeito. A maioria dos aplicativos utiliza alguma forma de conexão segura que garante proteção contra grampos.
E o que seriam, então, as “alterações no funcionamento do smartphone”? Isso pode acontecer quando alguém pega o seu celular desbloqueado e adiciona uma autorização do WhatsApp Web, por exemplo, para visualizar suas mensagens do WhatsApp em outro dispositivo.
Instalando um aplicativo espião no smartphone, também ocorre uma mudança na maneira que o smartphone se comporta, capturando e transmitindo dados que normalmente não seriam transmitidos.
Se houver uma falha de segurança no sistema ou nos aplicativos instalados no smartphone, é realmente possível induzir a instalação remota de um aplicativo de espionagem. Ainda assim, o que ocorre é a instalação de um aplicativo. Por regra, o celular não possui nenhum canal de comunicação que simplesmente entrega dados a um usuário remoto.
Embora esse cenário seja possível, ele tem inúmeras limitações. Por exemplo, se um app de espionagem utilizar uma falha já corrigida, ele só vai funcionar se o smartphone da vítima não foi atualizado para uma versão mais nova em que brecha foi fechada.
As atualizações de sistema e de aplicativos quase sempre vêm com melhorias de segurança que impedem os ataques conhecidos. É por isso que elas devem ser instaladas o quanto antes.
Se você estiver com seu smartphone atualizado, apenas os ataques mais sofisticados e inéditos poderiam funcionar no seu telefone – e esses ataques não estão disponíveis simplesmente pesquisando na web.
Caso você suspeite que haja algum aplicativo malicioso em seu iPhone, você pode realizar uma restauração do celular por meio do iTunes (veja como fazer).
Roteador de internet tem recursos muito limitados para capturar informações — Foto: Altieres Rohr/G1
Senhas capturadas no roteador
Eu gostaria de saber se, no histórico do roteador de internet, é possível ter acesso a senhas de redes sociais e mensagens que recebemos ou enviamos. Estou desconfiando de uma possível invasão de privacidade por um parente e estou com medo pela minha segurança e das pessoas que amo ou medo de ser chantageada. Por isso, pergunto: é possível? – Júlia
O roteador de internet não costuma guardar um “histórico”. A maioria desses equipamentos não tem condições de processar os dados em trânsito para extrair informações como os endereços dos sites e visitados e as senhas, nem armazenamento suficiente para guardar todos os dados que passam. Leia mais sobre isso aqui.
Além disso, se você utiliza aplicativos no celular, praticamente todos (como explicado na pergunta acima) utilizam criptografia e são imunes a monitoramentos de rede.
Na prática, um ataque de monitoramento feito pelo roteador precisa antes realizar uma “degradação de protocolo”, retirando a segurança da conexão. Muitos serviços, inclusive algumas redes sociais e bancos, simplesmente não aceitam isso e os aplicativos vão parar de funcionar.
Você precisa ter mais atenção, porém, se estiver navegando no computador. Verifique se o endereço do site visitado (como “g1.globo.com”) está correto na barra de endereços e se o ícone do cadeado também está sendo exibido.
Aviso de privacidade que apareceu no WhatsApp — Foto: Reprodução
Aviso de privacidade no WhatsApp
Eu recebi esta mensagem com um aviso de privacidade no WhatsApp. É verdade ou é golpe? – Maria
Esse aviso é verdadeiro. O WhatsApp está exibindo essa mensagem aos brasileiros por conta de alterações na política de privacidade que atendem às exigências da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), quepode entrar em vigor nos próximos dias.
Trata-se de um aviso benigno de cunho estritamente informativo. O aviso não causa nenhum dano ao celular.
Vale lembrar, é claro, que a comunicação oficial do WhatsApp aparece dessa forma: na tela do próprio aplicativo, como uma mensagem diferente de qualquer conversa comum. Se você receber mensagens de números estranhos comentando sobre novas regras de privacidade, oferecendo links ou até instruções que devem ser seguidas, desconfie.
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