“Para Anatel e Procon, consumidor pode pedir troca de equipamentos cedidos por provedores que não mais receberem atualizações de segurança dos fabricantes.”
Roteadores compartilham e coordenam o uso da internet entre vários equipamentos. Criminosos podem atacar esses equipamentos para desviar conexões e aplicar golpes. — Foto: Altieres Rohr/G1
O roteador de internet é um equipamento que gerencia um canal de acesso a uma rede na nossa casa, essa rede é na maioria das vezes a internet e, se você quer conectar mais de um dispositivo como desktop, celular, notebook, smartTV, vídeogame etc, vai precisar de um.
O roteador pode ser invadido por hackers para desviar o acesso a determinados sites, fazendo você acessar uma página clonada, aplicar golpes e até roubar senhas.
Mas a boa notícia é que proteger o seu roteador contra ataques de hackers não é uma tarefa difícil e provedores de internet impõem restrições para inibir o acesso direto aos roteadores dos clientes. Mas os criminosos encontram outras maneiras e muitas vezes usando páginas na web para explorar brechas nesses equipamentos e alterar configurações.
Além de problemas de configuração como senhas fracas, o maior risco para esses equipamentos é a idade. Embora eles possam ser usados por muitos anos, nem sempre os fabricantes continuam disponibilizando atualizações de software, deixando esses roteadores vulneráveis aos ataques.
Chamado de “firmware”, o sistema do roteador nem sempre é atualizado automaticamente como em computadores e celulares.
Especialistas recentemente divulgaram um conjunto de 19 falhas, chamadas de “Ripple20”, que afetam vários dispositivos da chamada “internet das coisas”. Não se sabe exatamente quais equipamentos estão vulneráveis, mas é possível que roteadores estejam entre eles. Dispositivos que não recebem mais atualizações podem estar risco.
Configuração de senha da rede wireless e usuário de administração do roteador com software personalizado. — Foto: Reprodução
Como proteger o seu roteador
Não importa se o seu roteador foi adquirido por você ou cedido pelo seu provedor de internet. As recomendações para garantir a segurança do equipamento são as mesmas. Mas cada modelo tem uma configuração diferente e será preciso consultar o manual ou o suporte técnico para saber exatamente como proceder. Ok?
Infelizmente, esses aparelhos não são projetados para serem fáceis de usar. Se você tiver dificuldade, pode ser necessário pedir auxílio de um técnico especializado.
Veja o que você deve conferir:
- Configure uma senha no painel de administração: Os roteadores domésticos possuem um painel de administração que pode ser acessado pelo navegador web. Modificar a senha de acesso a esse painel é uma das medidas mais importante para garantir a segurança. Muitas vezes, ele pode ser acessado com a senha configurada de fábrica, o que facilita ataques.
- Confira se há atualizações de firmware: a maioria dos roteadores não possui função para atualização automática. Você precisa ir até o site do fabricante e verificar, na seção de “Suporte” ou “Downloads”, se há um firmware atualizado para o seu modelo. Esse firmware precisa ser baixado e aplicado no painel de atualização. Se o seu roteador foi cedido pelo provedor, a atualização pode ser aplicada pelo provedor por meio de uma tecnologia chamada TR-069. Mesmo assim, é importante conferir. Consulte o manual do seu equipamento para saber como fazer isso – você normalmente pode baixar o manual no site do fabricante.
- Desabilite administração remota: se o seu roteador tiver uma opção para “administração remota” (fora da rede local), ela deve ser desabilitada. A administração remota permite que qualquer outro sistema na internet acesse o painel de configuração do roteador. O ideal é que o painel possa ser acessado apenas por computadores da sua casa, não da internet.
- Proteja sua rede sem fio: Quando configurar sua rede Wi-Fi no roteador, use a proteção “WPA2” e uma senha longa. Você pode usar versos de músicas ou embaralhar palavras de ditados populares ou qualquer outra frase que você goste. Senhas longas dão mais trabalho em ataques de força bruta – é melhor usar uma senha longa “simples” do que uma senha muito curta cheia de números e símbolos especiais. “EuQueroProteger+MeuRoteadorHoje!” e “2 super-heróis contra 2 vilões: lutem!” são senhas melhores que “jk$asR3”. Use a criatividade para colocar pontuação e números nas suas frases!
Troca de senha em um modelo de roteador usando software de fábrica. Telas de configuração em inglês e outras dificuldades podem obrigar consumidor a pedir auxílio do provedor ou de um técnico de confiança. — Foto: Reprodução
Provedor pode ser obrigado a trocar equipamento
Todo software tem falhas e precisa de atualizações periódicas para manter a segurança em dia, mas isso só acontece por um certo período. Quem comprou um roteador há mais de quatro ou cinco anos pode ter de substituí-lo por um mais novo. Consultando o fabricante, é possível saber se um modelo específico foi descontinuado, se ainda está recebendo atualizações ou qual modelo está substituindo o mesmo.
Mas e se o roteador foi cedido pelo provedor de internet? Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e o Procon-SP, o provedor é obrigado a fornecer um equipamento novo, de qualidade equivalente, que ainda mantenha as mesmas condições de segurança existentes na data da contratação.
Para a Anatel, a resolução 73 de 1998 determina que é dever do provedor garantir a “segurança” e a “atualidade” do serviço. E isso “inclui, naturalmente, o fornecimento de equipamentos adequados”. A Anatel citou também o artigo 186 do Código Civil, que prevê a responsabilidade por omissões.
“Se a prestadora sabe da vulnerabilidade dos equipamentos que ela própria forneceu ou se o usuário suscita junto a ela dúvidas fundamentadas quanto à segurança dos equipamentos fornecidos, a prestadora poderá ser responsabilizada, caso não tome providências e ocorra, de fato, uma violação de segurança decorrente dessa omissão”, explicou a agência.
O Procon-SP também afirma que o consumidor tem direito à troca e cita outra resolução da Anatel, a 632. De acordo com Fernando Capez, diretor executivo do órgão, o provedor de internet torna o equipamento parte do contrato ao fornecê-lo ao cliente.
“Com o passar do tempo, o mesmo contrato passou a ter qualidade inferior à inicial, porque o aparelho que integrou o contrato não está mais produzindo os mesmos resultados. E a empresa é obrigada a restituir a situação inicial”, explica Capez.
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